A obra, elaborada a várias mãos, tem por objetivo proporcionar uma visão diversificada da pandemia de covid-19 a partir da análise de várias dimensões da vida social fortemente impactadas pela crise sanitária global. Promovemos recortes temáticos conscientes de que os reflexos da crise pandêmica se desdobram em vários outros campos, mas alguma delimitação se impõe. Ressalte-se ainda que, desde o primeiro registro oficial da covid-19, em Uhan, na China, até a conclusão deste livro, já haviam se passado quase dois anos, circunstância que tornou ainda mais desafiadora a empreitada, visto que os textos que compõem a obra foram sendo produzidos com a pandemia em pleno curso, a trazer novos desdobramentos. É certo, pois, que estamos longe de dimensionar os gravíssimos efeitos que a crise pandêmica tem causado e certamente ainda causará em nossas vidas e no mundo. É necessário o devido distanciamento histórico para proceder a esse balanço geral com a desejável acuidade analítica, e, ao que tudo indica, levaremos vários anos para tanto. Mas já é possível avançar em algumas análises, cientes dessas limitações. Esse é o propósito do presente livro.

O capítulo 5 conta com o artigo “Ainda o Neoliberalismo: a pandemia e o  papel do Estado Democrático de Direito de desiderato social e dever sanitário”, de autoria do nosso sócio Onofre Alves Batista Júnior e de Marina Soares. O texto promove um riquíssimo apanhado das inúmeras transformações experimentadas pelo Estado ao longo dos anos, desde as formações estatais mais incipientes, passando pelos diversos paradigmas de Estado do pós-absolutismo até os dias atuais. Nesse evolver histórico, resulta evidente a força transformadora de eventos violentos e de grande magnitude, como guerras e revoluções, na ressignificação do papel do Estado, o mesmo ocorrendo em relação à pandemia de covid-19. Os autores demonstram, em abalizada crítica, a inadequação da cartilha neoliberal para o enfrentamento da crise sanitária e de outros desafios globais.

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