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Sinais da compra do Big pelo Carrefour — maior operação de aquisição já feita no varejo nacional — para as operações de M&A. Em entrevista para o portal Legislação & Mercados, nossa sócia Paula Chaves comenta sobre o assunto. Leia no recorte abaixo:

 

Megatransação de 7,5 bilhões de reais evidencia possibilidade de recuperação da economia em médio e longo prazos

Perto do fim do primeiro trimestre deste desafiador 2021, o mercado brasileiro testemunhou a conclusão da maior operação de aquisição já feita no varejo nacional. O grupo francês Carrefour comprou a rede Big, por 7,5 bilhões de reais. De acordo com notícias publicadas na imprensa, apesar da magnitude, a operação foi fechada depois de poucos meses de negociação. Embora com o agravamento da pandemia as perspectivas para a economia brasileira ainda sejam pouco animadoras para operações de M&A, a aposta do Carrefour mostra que resiste um certo otimismo de médio e longo prazos.

Reduz essa dose de otimismo o fato de a megatransação ter ocorrido num segmento pouco afetado pela crise da pandemia, o de varejo alimentar. Com seu caráter de serviço essencial, praticamente não sofreu influência das restrições de atividades econômicas para o controle da disseminação do novo coronavírus. Ainda assim, há uma esperança no futuro.

“É importante destacar a relação entre a pandemia e o mercado de varejo, uma vez que na grande maioria dos países — como no Brasil — o varejo de alimentos está entre as atividades essenciais, que continuaram com suas atividades, ainda que com algumas restrições. Isso contribuiu diretamente para que o setor fosse menos impactado pelas políticas de combate à pandemia”, pondera Paula Chaves, sócia do Coimbra & Chaves Advogados.

A seguir, Chaves aborda outros aspectos da operação e de sua relação com as possibilidades do M&A no País.

 

Recentemente, o grupo francês Carrefour adquiriu, por 7,5 bilhões de reais, a rede varejista Big, na maior operação já feita no varejo brasileiro. O que representa uma transação dessa magnitude para o mercado de M&A no País?

Essa transação é mais um sinal de que, mesmo em um cenário econômico adverso, o mercado brasileiro continua apresentando grandes oportunidades de investimento para grupos internacionais, como o Carrefour.

Esse sinal positivo para o mercado nacional de M&A é evidenciado na publicação1 de comunicado de fato relevante pelo Carrefour, no qual o grupo afirmou que, por trás do racional da operação, está o plano de ampliação da rede em regiões onde há forte potencial de crescimento, como as regiões Norte e Sul.

Além disso, é importante destacar a relação entre a pandemia e o mercado de varejo, uma vez que na grande maioria dos países — como no Brasil — o varejo de alimentos está entre as atividades essenciais, que continuaram com suas atividades, ainda que com algumas restrições. Isso contribuiu diretamente para que o setor fosse menos impactado pelas políticas de combate à pandemia.

De alguma maneira a megaoperação demonstra confiança de alguns setores da economia real apesar do agravamento da pandemia e da consequente piora das perspectivas para a economia? Por quê?

Sim. A operação é mais uma evidência de que o mercado de serviços e produtos essenciais, como alimentos, por exemplo, está sendo menos afetado diretamente com as políticas públicas de combate ao vírus.

Que a pandemia é um evento catastrófico em todos seus aspectos, não há dúvida. Porém, é preciso entender que cada setor da economia sente os seus impactos de forma e em intensidade próprios. A operação de aquisição da rede Big confirma, de certa forma, que as atividades de varejo de alimentos, supermercado e comércio eletrônico não foram tão diretamente impactadas ao longo de toda pandemia, uma vez que, em sua maioria, não foram paralisadas ou substancialmente restringidas pelas medidas governamentais de combate à pandemia.

À parte as operações de grande porte e repercussão como a Big-Carrefour, existe espaço hoje no Brasil para M&As de uma maneira geral? Há setores de destaque?

Apesar das dificuldades enfrentadas com a pandemia e seus efeitos, o mercado brasileiro nunca deixou de ser atrativo para operações de M&A. A conjugação da baixa taxa de juros — que facilita a obtenção de financiamentos — com a necessidade de capitalização enfrentada por alguns setores gera ambiente fértil para operações de M&A em diversos setores da economia.

Empresas que atuam no mercado de seguros em geral, saúde, entretenimento virtual, plataformas de delivery e mercado farmacêutico, por exemplo, podem protagonizar operações, na medida em que sofrem menos impactos das políticas para contenção do vírus e, em alguns casos, aumentaram a aptidão para investimentos em suas atividades durante o isolamento social.

 

Quais fatores impulsionam ou freiam as negociações e concretizações de operações de M&A no Brasil na atual circunstância?

Um dos fatores que pode dificultar as operações de M&A é a instabilidade que vivenciamos quanto aos rumos da pandemia em território nacional. O seu avanço nos últimos meses, enquanto a vacinação ainda se mostra incipiente, pode, em um primeiro momento, frear o avanço de negociações de operações de M&A. Sem a previsão de funcionamento normal do mercado e com setores da economia ainda sendo diretamente impactados pelas medidas de contenção à pandemia, investidores podem optar por esperar para analisar melhor o cenário econômico das companhias targets.

Por outro lado, a crise econômica expõe uma maior necessidade de caixa por determinadas companhias, o que pode ser visto como um cenário de oportunidades para “compras vantajosas” por certos investidores.

 

 

Fonte: Legislação & Mercados